quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Reportagem da revista Men's Journal sobre o risco de disfunção sexual permanente causado pelo Finasterida 1 mg. (Outubro 2011)



Edição de Outubro 2011.

Saúde
A (não tão dura) verdade
sobre remédios anti calvície.
A Finasterida pode talvez salvar seu cabelo, mas isso vai lhe custar sua vida sexual em troca?

Jeff. O. tinha 35 anos quando sua esposa lhe confrontou pela primeira vez sobre a crescente falta de sexo na vida do casal. Eles saíram de uma rotina quase diária de sexo para algo em torno de uma vez a cada dois meses. "Eu não tinha percebido." - diz Jeff. "Eu conseguia ter uma ereção, mas não era nem de longe tão firme quanto antes. E a outra coisa..." Tem mais? "Sim" Diz Jeff, um representante comercial de remédios do sul da Califórnia. "A cor da minha ejaculação mudou".
Depois de múltiplas visitas a médicos e uma bateria de exames, Jeff descobriu que ele estava sofrendo de baixa produção de testosterona e a provável causa lhe causou um choque. "Eu terei que fazer reposição hormonal pelo resto da minha vida" ele diz, "Por causa do Propecia (Finasterida 1 mg)".


O Propecia foi aclamado como algo perto de uma droga milagrosa no seu lançamento em Dezembro de 1997. A droga era mais eficiente em combater a calvície que o Rogaine (minoxidil) e não requeria o desconforto da aplicação tópica. Na época, a Merck Sharp & Dohme alertou que uma pequena parcela de homens poderia experimentar ereções mais flácidas e diminuição da libido. Mas para os milhões de homens que se valeram do Propecia para prevenir a calvície, parecia um risco válido.
Agora, novas pesquisas mostram que a Merck pode ter subestimado a persistência de alguns dos efeitos colaterais do Propecia (Finasterida 1 mg). Como parte de um estudo publicado em Junho de 2011, o Dr. Michael Irwig da George Washington University pesquisou 71 usuários regulares de Propecia e descobriu que 94% sofreu queda de libido, 92% experimentou disfunção erétil e 92% apresentou excitamento sexual diminuído. E mais, a pesquisa mostrou que esses efeitos podem durar uma média de 40 meses mesmo após o paciente descontinuar o tratamento com a droga, destruindo a percepção comum de que a cura para qualquer efeito colateral indesejado é simplesmente parar de tomar o remédio. "Esta é a novidade do estudo. - os efeitos persistentes do Propecia (Finasterida 1 mg)" - Diz o Dr. Irwig.
É importante manter em mente que a amostra do estudo do Dr. Irwig foi pequena e que a maior parte dos indivíduos pesquisados foram recrutados através do site Propeciahelp.com, um grupo de apoio online. A porcentagem de usuários que sofrem efeitos colaterais significantes é certamente menor do que o que este estudo sugere. No entando, há pouca dúvida que essas descobertas vão atrair mais investigação no futuro. Elas já atraíram advogados: Diversas firmas dos Estados Unidos estão atualmente iniciando processos judiciais contra a Merck Sharp & Dohme. A questão fundamental agora é se a Merck sabia que os efeitos colaterais poderiam persistir mesmo após o paciente parar de tomar a droga.
Se há fogo nessa fumaça, o fogo pode estar vindo da própria Merck. De acordo com um processo iniciado na Flórida, a Merck alterou a bula no medicamento recentemente e incluiu "persistência de dificuldade de ereção após descontinuação do tratamento" depois de uma investigação da Agência de Produtos Médicos da Suécia que afirmou que o Propecia poderia ser um inibidor das funções sexuais de longo prazo. Mas a alteração da bula foi feita apenas na Suécia. Em 2010, as letrinhas pequenas foram incluídas também na Itália, mas nada a respeito da possibilidade de efeitos sexuais prolongados apareceu nos Estados Unidos até a última primavera (Março 2011). Talvez em resposta à publicação do estudo do Dr. Irwig e de um artigo da Lahey Clinic de Peabody, Massachusetts, que chegou a uma conclusão similar.
Em resposta à nossa reportagem, a Merck reconheceu que certos usuários do Propecia - eles declaram o número de 1,3% - experimentaram disfunção sexual, mas a companhia contesta o fato de que os efeitos podem ser persistentes, dizendo que "uma relação de causa e efeito não foi estabelecida."
Para entender a conexão entre crescimento de cabelos e função sexual, precisamos compreender como a droga funciona. Finasterida, o componente ativo do Propecia, é um inibidor de 5 alpha reductase, o que significa que ela bloqueia a conversão de testosterona na mais potente dihidrotestosterona (DHT), que afina os fios de cabelo e contribui para a calvície. Finasterida foi originalmente desenvolvivda para encolher próstatas aumentadas por hiperplasia benigna prostática ou câncer, mas os médicos notaram que também fazia crescer cabelo.
É importante salientar que bebês meninos que nascem sem a habilidade de converter testosterona em DHT nascem com genitálias ambíguas. Ou seja "Você precisa de DHT para fazer um pênis" - Explica Dr. Irwig. Por essa razão, mulheres grávidas são avisadas a evitar contato com a droga.
Os últimos avisos sobre os riscos do Finasterida não confortam David M., um jovem de 29 anos da Virgínia, que parou de tomar o remédio após quatro anos para então descobrir que seus efeitos colaterais pioraram nos 12 meses seguintes ao fim do tratamento. Ele agora sofre com níveis muito baixos de testosterona e ginecomastia. David reconhece que não pesquisou muito antes de tomar o Propecia. "Meu médico recomendou o Propecia em conjunto com o Rogaine. Parou a queda, com relação a isso, o remédio fez o que era previsto."
Existem também muitos homens que estão tomando o remédio a anos sem incidentes. Abdulmaged M. Traish, professor de bioquímica e urologia da Boston University, explica: "Existe redundância na biologia. Se uma 'cabo de vela' falha, outros vão continuar a soltar faísca." significando que o corpo humano na teoria pode compensar a perda de DHT de diversas formas.
Para chegar a uma conclusão a respeito dos efeitos persistentes do Propecia, a Merck teria que fazer um estudo com 10.000 pacientes - metade tomando o medicamento e metade no grupo placebo - por um período de cinco anos, diz o Dr. Irwig. "Mas não vejo isso acontecendo, é muito caro." O que sabemos sem um estudo como esse. Pare de tomar o Propecia e perca o cabelo que você reteve ou cresceu no último ano.
O que acontece em seguida será determinado pelos tribunais. Procedimentos preliminares já estão em curso. (O FDA, nesse período, tem estado relativamente em silêncio sobre o assunto. A agência aprovou o Finasterida para calvície em 1997 e com exceção de uma advertência em 2009 à Merck por não estar respondendo aos questionamentos sobre esses riscos do Propecia, não fez mais nada). Mas o que todo mundo pode concordar é sobre a necessidade de mais informação.


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